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PLURAL: os textos de Márcio Bernardes e Rony Cavalli

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As eleições nos EUA e o Planalto Central
Márcio de Souza Bernardes
Advogado e professor universitário

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Escrevo este pequeno texto no dia 3 de novembro de 2020. Praticamente, todos os grandes meios de comunicação do mundo tem como manchetes as eleições presidenciais dos Estados Unidos e a acirrada disputa entre Donald Trump e Joe Biden. Este assunto interessa, sobremaneira, aos países da América Latina. Muitos aprenderam na escola ou na faculdade que, num mundo ideal, os países do globo terrestre são soberanos e autônomos e, portanto, a eleição presidencial de um outro país não deveria causar tanto rebuliço. Mas causa. E causa tanto rebuliço por se tratar dos EUA, e isso nos faz refletir sobre algumas das características do nosso tempo.

PROJETO DE DOMINAÇÃO

Por uma perspectiva histórica, podemos perceber que o que chamamos de modernidade, e que se inicia em torno do século 16, traz consigo um projeto de dominação de alguns países centrais do capitalismo (inicialmente a Europa e depois os EUA) sobre os demais países do globo. Pensadores como Enrique Dussel, Aníbal Quijano, Walter Mignolo, Immanuel Walerstein, dentre outros, demonstram que se trata da constituição da centralidade e da periferia globais, através da qual se estabelecem as hierarquias, unificações, uniformizações de projeto de modernidade. Claro que este processo não foi pacífico, e comportou violências, invasões, sobreposições, genocídios. É justamente por isso que, do ponto de vista geopolítico, a expansão do capitalismo se constitui a partir da Europa e dos Estados Unidos e se impõe sobre os demais países, sobretudo aqueles que eram antigas colônias. Aliás, as duas guerras mundiais só foram mundiais porque os países centrais envolvidos nas guerras possuíam colônias espalhadas pelo planeta. Não fosse isso, as guerras seriam regionais.

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO

As tecnologias de informação interligam todo o globo e, através delas, correm em tempo real notícias ao redor do mundo. Deste modo, o que ocorre em qualquer lugar do globo terrestre atinge diretamente outros locais. Isso ocorre especialmente quando se trata dos Estados Unidos, o grande regente da orquestra neoliberal global e a maior (pelo menos por enquanto) potência armamentícia do mundo. Aqui no Brasil, com o governo atual e seu orgulho de ser lacaio da extrema direita norte-americana, o resultado das eleições de lá podem impactar profundamente nos humores do Planalto Central e da família do presidente, já que podem perder um precioso apoio.

Trump já ganhou, mesmo que perca
Rony Pillar Cavalli
Advogado e professor universitário

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Não se pode subestimar os efeitos da política dos EUA no mundo. Como maior potência econômica e militar do planeta, a decisão eleitoral dos norte-americanos interessa a todos.

Antes de Trump, lembramos de um período que os atentados do ISIS pipocavam no mundo todo e atingiam, inclusive os EUA, especialmente suas embaixadas na África.

O mundo não está totalmente seguro, estando longe do ISIS estar debelado, mas com certeza a política do governo republicano foi muito mais eficaz no combate ao terrorismo do que o governo Obama. Enquanto Democratas aderem a discursos vazios de negociações, os Republicanos agem, tendo isto ficado muito claro como Trump lidaria com o Estado Islâmico quando em 13/04/17 detonou, no Afeganistão a GBU-43/B, conhecida pela sigla MOAB (Massive Ordnance Air Blast, popularmente Mother of All Bombs ou Mãe de Todas as Bombas). Para comparamos, os democratas são adeptos aquele famoso discursinho da Dilma Rousseff que "queria negociar com o EI". Já republicanos destroem o problema e até negociam com o que sobrar, se sobrar alguma coisa.

PELO BEM DA SEGURANÇA DO MUNDO

Se usarmos outro comparativo entre a política estadunidense e a praticada aqui na "terra brazilis", podemos lembrar das sugestões dos artistas globais para pacificar o Rio com um "abraço" na lagoa Rodrigues de Freitas para pedir paz aos traficantes, mesmo discurso democrata. Já Jair Bolsonaro pensa, no mesmo tom de Trump, que o que resolve para fazer a paz ou desincentivar o uso de armas de uso exclusivo das Forças Armadas é um bom tiro de um spider naquele que estiver portando fuzil.

A economia norte-americana no governo Trump, antes do corona vírus, nadava de braçada, vivendo os EUA uma era de pleno emprego e, neste cenário, Trump já estaria eleito e com lavada de votos, já que para eles sabemos que o que efetivamente importa é estar bem a economia. É por isto que Jane Fonda veio a público comemorar o vírus, pois este teria dado uma "nova chance à esquerda".

Embora minha racionalidade torça por Trump pelo bem da segurança do mundo e para a China ter um contraponto de força, as eleições americanas estão indefinidas neste momento, sendo que quando este artigo for publicado, pelo menos na noite de quarta, já teremos o resultado e saberemos qual foi a escolha nos EUA.

Perdendo Trump, a economia e segurança estarão mais frágeis, porém, conservadores já ganharam em razão do governo republicano ter indicado três novos ministros à Suprema Corte e estes são vitalícios, ficando com seis ministros conservadores contra três apenas progressistas.


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